Babilónia
René Crevel
Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
ISBN 978-989-568-045-0 | EAN 9789895680450
Edição: Agosto de 2022
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 160
O melhor romance do surrealismo francês?
Um admirável exercício de humor.
O seu primeiro romance Détours (N.R.F., 1924), uma obra, um retrato (esgotado), era um passeio preliminar onde os críticos
e em particular Benjamin Crémieux, Edmond Jaloux, Albert Thibaudet, reconheceram atitudes, passeatas e raivas características
do jovem actual. O Meu Corpo e Eu (1925), romance com um herói que traz dentro de si todas as suas aventuras e onde os
gestos, as personagens não são mais do que pretextos, é um panorama interior.
A seguir foi a vez dos romances A Morte Difícil (1926) e no ano seguinte Babilónia, aquele que Crevel escreveu ligando-o
com mais intensidade à estética literária surrealista; o melhor dos três melhores romances do surrealismo francês — nomeiem-
-se aqui Hebdomeros de Chirico, A Liberdade ou o Amor de Robert Desnos e este Babilónia, com uma história contável dentro
de parâmetros realistas, embora a deslizar em muitas das suas páginas para um discurso poético de intensa surrealidade.
[…]
René Crevel, o rebelde romancista do Surrealismo francês, regressa
uma vez mais às suas obsessões de solidão e morte; persiste numa das
suas denúncias preferidas, a da família orquestrada pela moral e por casamentos de burguesa virtude. A Menina, que se acha com direito a ver
o mundo através de uma versão individual, dominada pela liberdade
de ser e pensamento, começa a fazer-se mulher. E sente, com nitidez
cada vez maior, que o seu pai, a sua prima Cynthia, a sua avó, a negrinha do Senegal, são todos invencivelmente dominados pelo desejo,
todos ressuscitam o Vento soprado pelas licenças de uma velha Babilónia. Ela; o seu avô-psiquiatra só capaz de perceber os actos humanos
quese adaptam à sua matriz,e que a todos os outros chama actos-cogumelos; a sua mãe que se sujeita, por falta de vento, a acompanhar um
marido anão na sua propaganda evangélica, não ressuscitam o Vento.
Mas esta consciência de não conseguir entregar-se aos Ventos da vida,
perturba-a; ao não se ver capacitada para ressuscitar o seu Vento, foge
do mundo pela indiferença e pelo medo. O final da história é melancólico: Terra insensível, terra vazia, Babilónia; depois dos gritos, das mordidas, é o grande silêncio. No mar, um dique continua este chão carnal, este
grande corpo de continente que a insolação diviniza.
Uma mulher, uma cidade lutam, por indiferença.
[Aníbal Fernandes]
Sem comentários:
Enviar um comentário