terça-feira, 29 de novembro de 2022

Recordações d’uma Colonial (Memorias da preta Fernanda)

Recordações d’uma Colonial (Memorias da preta Fernanda)
A. Totta, F. Machado


Introdução de Pedro Schacht Pereira
Epílogo de Inocência Mata
Design gráfico de Horácio Frutuoso

ISBN 978-989-9006-53-9 | EAN 9789899006539

Edição: Outubro de 2022
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 17 × 24 cm (brochado)
Número de páginas: 256

Com o Teatro Praga (Colecção «Sequência»)


Fernanda do Vale: «Não me move, ao catalogar as remeniscencias aventureiras da minha mocidade, o odio negro da raça ou a alvura branca do rastejante reconhecimento pelo bem e pelas atenções que sempre tenho recebido d’aqueles a quem todavia não é facil conformarem-se com a minha côr. Move-me, sim, o desejo sincero, o anelo constante, acariciado sempre no meu espirito, de contribuir como sincera colonial para o resurgimento e resolução completa do decadente problema da literatura intermetropolitana.»
 


Recordações d’uma Colonial (Memorias da preta Fernanda) é uma autobiografia ficcional originalmente publicada em 1912, e redigida em coautoria por dois escritores hoje obscuros, A. Totta e F. Machado. O livro, que contém muitos dos elementos de um bildungsroman satírico, narra o percurso de Fernanda do Vale (nome que no livro é apresentado como pseudónimo literário de Andrêsa do Nascimento), uma mulher vulgarmente conhecida na época como «preta Fernanda», que os autores apresentam como sendo cabo-verdiana, desde o nascimento e infância na ilha de S. Tiago, passando brevemente por Dakar, até à capital do império então em fase de consolidação, Lisboa, cidade onde decorre a maioria dos acontecimentos narrados e que contribuíram para a notoriedade do sujeito retratado. Sobre a vida de Fernanda do Vale, muito pouco se sabe para além do que é representado na narrativa, que, sendo pouco fidedigna, obtém corroboração parcial nas poucas fontes externas que sobrevivem. Sabe-se, no entanto, que a data de nascimento apresentada na narrativa não coincide com a que se deduz dos registos de casamento e óbito, que têm Andreza de Pina como seu nome verdadeiro; os mesmos registos desmentem também a informação sobre o lugar de origem, que terá sido a Guiné-Bissau e não Cabo Verde, ainda que tenha sido aqui que Andreza terá sido batizada, na Cidade da Praia. Uma portaria régia de 1880 confirma que Andreza foi contratada para servir como modelo para a estátua a Sá da Bandeira, que ainda hoje se encontra na Praça de D. Luís I em Lisboa, trabalho pelo qual lhe terá sido atribuído o subsídio diário de 560 réis.
[Pedro Schacht Pereira]

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