quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Julião Sarmento – The Complete Film Works

Julião Sarmento – The Complete Film Works 
Julião Sarmento 

Edição de Nuno Crespo
Textos de Chrissie Iles, Delfim Sardo, João Pedro Amorim, Kerry Brougher, Nuno Crespo 
Design de Pedro Falcão 

ISBN 978-989-8833-68-6 | EAN 9789898833686 

Edição: Novembro de 2021 
Preço: 37,74 euros | PVP: 40 euros 
Formato: 18 × 25,5 cm (encadernado) 
Número de páginas: 360 (a cores) 

Com a Universidade Católica, Escola das Artes, CITAR 
Edição bilingue: português-inglês


Este livro tem no título uma palavra que não devia lá estar: complete. Porque a obra de Julião Sarmento nunca estará completa. Enquanto existirem pessoas que olhem para as suas pinturas, esculturas, desenhos, instalações e filmes, a sua obra continuará. 
[Nuno Crespo] 



Desde o início da sua carreira, em 1967, que o filme ocupa um lugar central na investigação levada a cabo por Julião Sarmento sobre os impulsos reprimidos da psique. A relação de Sarmento com o filme começou num momento crítico da história do cinema, quando as severas leis sobre a obscenidade estavam prestes a ruir, no final de uma década orientada pela libertação do impulso erótico. Em toda a Europa e nos Estados Unidos da América, o desenvolvimento de um cinema experimental e independente vital desafiava o domínio dos modelos hollywoodescos de fantasia e desejo. Em Portugal, a revolução política de esquerda estava prestes a derrubar o regime salazarista, conduzindo a uma nova vaga radical de cinema que aborda as questões da emancipação social. No mundo da arte, as tradicionais fronteiras entre filme e outras formas de arte haviam sido flexibilizadas por artistas que abraçaram o filme como parte da sua prática artística baseada no processo. 
[Chrissie Iles] 

Muita da matéria de Sarmento, e da sua abordagem à produção de arte, encontra-se neste simples filme inicial: o foco na mulher, na sexualidade e na objectificação; a parede monocromática como tela em branco (que seria incorporada nas suas Pinturas Brancas duas décadas mais tarde); a fusão entre o corpo e o pano de fundo; e, acima de tudo, a amplificação do próprio medium para neutralizar as ilusões cinemáticas e abrir o sentido da imagem. Esta abordagem é usada por Sarmento em muitos dos seus filmes mais antigos. Em Faces (1976), Sarmento foca línguas que se tocam, um acto sensual que, visto repetidamente com um grau de pormenor desconfortável, perde a sua aura erótica e se transforma num estudo de movimento e anatomia. Em Sombra, do mesmo ano, a iluminação varia lentamente sobre duas mulheres nuas, transformando a imagem erótica num estudo de chiaroscuro
[Kerry Brougher]

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