Julião Sarmento
Edição de Nuno Crespo
Textos de Chrissie Iles, Delfim Sardo, João Pedro Amorim, Kerry Brougher,
Nuno Crespo
Design de Pedro Falcão
ISBN 978-989-8833-68-6 | EAN 9789898833686
Edição: Novembro de 2021
Preço: 37,74 euros | PVP: 40 euros
Formato: 18 × 25,5 cm (encadernado)
Número de páginas: 360 (a cores)
Com a Universidade Católica, Escola das Artes, CITAR
Edição bilingue: português-inglês
Este livro tem no título uma palavra que não devia lá estar: complete. Porque
a obra de Julião Sarmento nunca estará completa. Enquanto existirem
pessoas que olhem para as suas pinturas, esculturas, desenhos, instalações e
filmes, a sua obra continuará.
[Nuno Crespo]
Desde o início da sua carreira, em 1967, que o filme ocupa um lugar central na investigação levada a cabo por Julião
Sarmento sobre os impulsos reprimidos da psique. A relação de Sarmento com o filme começou num momento crítico da
história do cinema, quando as severas leis sobre a obscenidade estavam prestes a ruir, no final de uma década orientada pela
libertação do impulso erótico. Em toda a Europa e nos Estados Unidos da América, o desenvolvimento de um cinema experimental e independente vital desafiava o domínio dos modelos hollywoodescos de fantasia e desejo. Em Portugal, a revolução
política de esquerda estava prestes a derrubar o regime salazarista, conduzindo a uma nova vaga radical de cinema que aborda
as questões da emancipação social. No mundo da arte, as tradicionais fronteiras entre filme e outras formas de arte haviam sido
flexibilizadas por artistas que abraçaram o filme como parte da sua prática artística baseada no processo.
[Chrissie Iles]
Muita da matéria de Sarmento, e da sua abordagem à produção de arte, encontra-se neste simples filme inicial: o foco na
mulher, na sexualidade e na objectificação; a parede monocromática como tela em branco (que seria incorporada
nas suas Pinturas Brancas duas décadas mais tarde); a fusão
entre o corpo e o pano de fundo; e, acima de tudo, a amplificação do próprio medium para neutralizar as ilusões
cinemáticas e abrir o sentido da imagem. Esta abordagem
é usada por Sarmento em muitos dos seus filmes mais
antigos. Em Faces (1976), Sarmento foca línguas que se
tocam, um acto sensual que, visto repetidamente com um
grau de pormenor desconfortável, perde a sua aura erótica
e se transforma num estudo de movimento e anatomia.
Em Sombra, do mesmo ano, a iluminação varia lentamente
sobre duas mulheres nuas, transformando a imagem erótica num estudo de chiaroscuro.
[Kerry Brougher]
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