Imagem em Fuga: Júlio Pomar, Menez e Sónia Almeida
Organização de Sara Antónia Matos
Textos de Sara Antónia Matos, Maria Quintans, Júlio Pomar
Design gráfico de Oh!Mana
ISBN 978-989-568-019-1 | EAN 9789895680191
Edição: Junho de 2022
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros
Formato: 17 × 21 cm (brochado)
Número de páginas: 178 (a cores)
Com o Atelier-Museu Júlio Pomar
Edição bilingue: português-inglês
«Imagem em Fuga: Júlio Pomar, Menez e Sónia Almeida» dá seguimento ao
programa de exposições do Atelier-Museu que, regularmente, procura cruzar a
obra de Júlio Pomar com a de outros artistas, de modo a estabelecer novas
relações entre a obra do pintor e a contemporaneidade.
Esta exposição pretende pensar o modo como o trabalho de Júlio Pomar se cruza com o trabalho de Menez, com quem
manteve uma relação epistolar e artística de grande cumplicidade e admiração, e o de uma pintora de uma geração mais nova,
Sónia Almeida, para quem o trabalho de Menez foi referência no tempo de faculdade. Em torno da ideia de influência e contaminação em arte (tomando o entendimento desses conceitos como produtivo e não pejorativo), procura explorar-se o modo
como as imagens se fixam e simultaneamente nos fogem.
O título, «Imagem em Fuga», é motivado pelo interesse que Sónia Almeida mostrou na obra de Júlio Pomar, nomeadamente nos painéis do Cinema Batalha, frescos pintados sobre a parede, no final da década de 40, e mandados destruir logo
de seguida, por intermédio da PIDE: imagens desaparecidas, apagadas, inacessíveis desde então. Dessas imagens que nos
fogem e das quais hoje resta apenas documentação (fotografias, desenhos, projecto e cartas que testemunham a censura a que
a obra foi sujeita) nasceram contágios que remanescem agora no projecto de Sónia Almeida para o Atelier-Museu.
[Sara Antónia Matos]
A pintura de Menez ou esta ópera — vejo-as ambas
neste teclado. Negaça do vivido da escrita, o objecto
palavra parece às vezes não andar longe. Por negaça e
poder de aparência: consignar num lugar o que nele
não está, a claridade fugaz daqueles passos em que a
voz se projecta para além do desejo ou da recusa de saber.
Cerrem-se as pálpebras: já a imagem se tece. Mas a palavra imagem é ainda rígida. Substituí-la por: o que se
respira num lugar de passagem, fluxo, visitação.
Eis o que dei comigo a conspirar, passando de ratoeira para ratoeira pela mão traiçoeira da palavra.
Sobre, ou a partir da pintura de Menez. Pintura a
que chamaria metafísica se os classificantes do inclassificável não tivessem posto o adjectivo em saldo.
[Júlio Pomar]
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