segunda-feira, 25 de julho de 2022

Morte de Judas seguido de O Ponto de Vista de Pôncio Pilatos

Morte de Judas seguido de O Ponto de Vista de Pôncio Pilatos
Paul Claudel

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes 

ISBN 978-989-568-028-3 | EAN 9789895680283

Edição: Maio de 2022
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 96 (a cores)


Proponha-se para estes textos uma leitura menos comprometida. Aceitem-se as provocações de subtil humor a diversas seriedades instituídas pela fé cristã. Os apóstolos fartaram-se até ao tédio de testemunhar milagres? Os paralíticos milagrados podem ter saudade das suas muletas? Simão Pedro, aquele pobre lamuriento? Maria Madalena (Miriam de Magdala) tão fútil?… Reabilitar Judas foi por diversas vezes um ponto preferido dos adversários da Igreja. Mas a habilidade de Claudel ironiza alguns pontos de honra da fé cristã com a caução indesmentível do seu catolicismo de missa diária e de uma obra literária tão atenta às palavras da Bíblia. 



Este Claudel ligado à diplomacia viveu em Nova Iorque e Boston; esteve em várias cidades da China — o que lhe deu oportunidade para as belas prosas poéticas de Connaissance de l’Est (1900) e de L’Oiseau noir dans le soleil levant (1927); e a este desfile de honrosos cargos de embaixada acrescentemos Praga, Roma, Rio de Janeiro, Tóquio, Copenhaga, Washington… 
A sua imagem começou, com este fervoroso catolicismo associado às honras de uma bem-sucedida carreira diplomática, a ser roída por uma sonora animosidade; o Claudel-poeta-dramaturgo-ensaísta-prosador, que surgia enfeitado com fortes brilhos de Estado,era católico de missa diária e fazia-o com uma exibição que parecia mentirosa perante as realidades sociais da sua vida; mas também complicava um pouco as vontades de maledicência, por não ser fácil negá-lo como grande poeta.
Isto não impediu que bastantes personalidades da literatura francesa o tivessem deixado ferido por incomodadas memórias. André Gide, seu inimigo de estimação, dizia que Claudel «era um senhor iludido, a julgar que se chegava ao Céu numa carruagem-cama»; Claudel respondia, dizendo que «Gide era um senhor que ia chegar ao Inferno de metro». Réplicas como estas circulavam como pormenor picante na conversa dos meios literários de Paris; mas, bem mais elucidativo e duradouro, é o que ficou escrito. 
[Aníbal Fernandes]

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