Arenario
Francisco Tropa
Textos de François Piron, Maria Filomena Molder e Nuno Crespo
ISBN 978-989-9006-73-7 | EAN 9789899006737
Edição: Março de 2021
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 16,5 × 24 cm (encadernado)
Número de páginas: 216 (a cores)
Com a Universidade Católica, Escola das Artes, CITAR
Edição trilingue: português, inglês, francês
«A obra de arte cria uma imagem intemporal formada através dos sentidos, da
inteligência e da memória do observador e, por mais estranho que pareça, este
processo nada tem que ver com os instrumentos da comunicação.»
[Francisco Tropa]
Por mais que tentemos, o trabalho de Francisco Tropa (n. Lisboa, 1968) não se deixa apresentar através da sua condução
a um conjunto determinado de gestos, objectos ou conceitos. A sua natureza é ser um campo amplo onde se conjugam
diferentes experiências humanas. Uma arena, um «arenario» como lhe chama o artista, um espaço aberto onde se dá um
corpo-a-corpo (real e virtual) entre o humano e a arte e que é palco do mistério — cujo drama se desenvolve pelo menos
desde Lascaux — que se constitui de cada vez que um de nós enfrenta uma obra de arte e é por ela enfrentado.
A exposição que esteve na origem deste livro propôs, a partir de uma única obra, explorar o trabalho deste artista segundo a ideia das imagens, da sua fabricação e da sua existência enquanto lugares reais. A obra pertence à família das lanternas
de Tropa e nessa família são convocadas ideias axiais para o mundo contemporâneo. Um mundo tomado pelas imagens
digitais que transportam no seu interior, e como sua condição, dispositivos de
controlo, de subjugação e de poder.
As imagens quase primitivas que Tropa faz acontecer — e as suas imagens são
sempre uma espécie de acontecimento — reenviam insistentemente ao corpo
humano e inscrevem-se no seu plano material de finitude. Plano este do qual as
imagens virtuais, puramente espectrais e desencarnadas, parecem estar arredadas.
[Nuno Crespo]
Assinalem-se três aspectos eminentes da obra de Francisco Tropa e que se revêem nestas passagens benjaminianas.
Primeiro: é seu propósito manifesto e latente apagar os vestígios de qualquer
autoria e dificultar qualquer felicidade interpretativa imediata (embora não a
possa impedir, claro).
Segundo: também ele procura «um aparecer purificado da beleza, livre de qualquer sedução», também ele o sabe sujeito à dissolução sem fim. O lusco-fusco, a
hora entre cão e lobo, a luz do ocaso reinam nesse teatro abandonado do mundo, Scenario ou outro título, com as «suas ruínas decifradas», sem intérprete.
Terceiro: a arte é uma interrupção da dissolução sem fim, uma forma insubmissa de delírio, capaz de imortalizar a ruína.
[Maria Filomena Molder]
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