O Mito Nazi
Philippe Lacoue-Labarthe, Jean-Luc Nancy
Apresentação de Sara Belo e Tomás Maia
Tradução de Sara Belo
ISBN 978-989-9006-98-0 | EAN 9789899006980
Edição: Agosto de 2021
Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado)
Número de páginas: 72
Colecção Linhas de Fuga 20
O Holocausto é uma consequência — estritamente lógica — da Razão
ocidental.
Tal é a tese central que este breve, imenso livro enuncia.
A importância deste livro para a compreensão do nazismo (no interior do «fenómeno geral das ideologias totalitárias»)
consiste em pensá-lo a partir da questão da identidade. Ou seja, da relação entre o próprio e o impróprio — relação constitutiva de qualquer identificação, quer esta seja individual ou colectiva. No caso do nazismo, isto é, do totalitarismo especificamente alemão, aquela relação expressa-se no elemento da raça, levando os autores a propor uma primeira definição do
nazismo enquanto «ideologia racista».
Desfazendo a oposição entre mythos e logos, este livro concretiza a intuição de Hannah Arendt sobre o eidos de uma
ideologia: a lógica de uma ideia que pretende explicar a totalidade da história conformando o mundo à sua imagem. Os
autores rejeitam assim como perigosa e simplista a caracterização do nazismo enquanto fenómeno puramente irracional, demonstrando como aquele se impôs através de uma exploração consciente e deliberada dos movimentos reflexos e miméticos
mobilizados pela função exemplar do mito. De forma consequente, neste contexto metafísico de análise, o mito é então
tomado, não como um conteúdo particular (tal ou tal mitologia germânica), mas enquanto meio de identificação — de
um indivíduo ou de um povo inteiro. Tal é a razão pela qual o livro pensa o mito (nazi), no singular, sem se deter nos mitos
ou nas mitologias que alimentaram e fortificaram o movimento nazi.
[Sara Belo e Tomás Maia]
Que tenhamos assim, sempre, certas contas a prestar e
a prestar-nos, que estejamos sempre em dívida ou em dever
de memória, de consciência e de análise, eis o que reconhece uma maioria dos nossos contemporâneos. Contudo,
as suas razões e os seus fins nem sempre são muito claros
nem muito satisfatórios. Apela-se à vigilância face aos possíveis retornos — é esse o mote do «nunca mais!». E, de
facto, a actividade ou a agitação das extremas-direitas nos
últimos anos, o fenómeno de «revisionismo» acerca da
Shoah, a facilidade com que os grupos neonazis surgem na
ex-Alemanha de Leste, os «fundamentalismos», nacionalismos e purismos de toda a espécie, de Tóquio a Washington e de Teerão a Moscovo — tudo isto contribui para
exigir essa vigilância.
[Philippe Lacoue-Labarthe e Jean-Luc Nancy]
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