José Barrias: Escrever com a Luz – Notas para
a Biografia de Uma Sombra
José Barrias
Organização de Paula Pinto.
Textos de António Guerreiro, Elisabetta Longari,
João Pinharanda, José Luís Porfírio,
Maria Filomena Molder, Paula Pinto e
Vítor Silva.
Design gráfico de Ricardo Assis
ISBN 978-989-9006-39-3 | EAN 9789899006393
Edição: Agosto de 2021
Preço: 23,58 euros | PVP: 25 euros
Formato: 17 × 22 cm (brochado)
Número de páginas: 180 (a cores)
Apoio: Fundação Ilídio Pinho, Fundação Carmona e Costa e Fundação EDP
Edição bilingue: português-italiano
A sombra de José Barrias é errante e não encerra em si um significado
preciso e fechado. É a capacidade de mutação transitiva desta imagem
que entendemos assinalar nesta exposição, configurada como viagem
de um artista que se autodefine como um «habitante dos intervalos».
A exposição [«José Barrias. Escrever com a Luz: Notas para a Biografia de uma Sombra», realizada no CAAA – Centro para
os Assuntos da Arte e Arquitectura (Guimarães) entre 1 de Novembro e 28 de Dezembro de 2019, com curadoria de Paula
Parente Pinto e o contributo de Vítor Silva] observa as viagens e metamorfoses de uma imagem fotográfica de pequeno formato — O Princípio da Sombra — captada por José Barrias na Alemanha, em 1970. Como uma razão em trânsito que
passa através da obra do artista, esta projecção de um corpo em movimento reaparece noutros suportes e formatos. Manifesta-se numa pluralidade de existências: em documentos, em vestígios ou em trabalhos acabados; uma mesma referência
visual tomando novas condições materiais. O entendimento sobre a arte e o método de trabalho de José Barrias espelham-se
nesta mutação cumulativa das sombras, que acaba por assumir os contornos de um percurso biográfico.
É este o enredo de «Notas para a Biografia de uma Sombra»: uma
exposição que, a partir de uma imagem fotográfica única e irrepetível
— o auto-retrato de José Barrias enquanto sombra — reflecte um processo de migração em aberto através da reprodução. Em paralelo com
a forma como o autor reapresenta outras figuras-referências no seu trabalho artístico, a sombra literalmente incorpora uma relação dialéctica
entre presença e ausência que define a itinerância do percurso biográfico de José Barrias.
[…]
Contrariamente às silhuetas, aos retratos em perfil evocados por
Plínio o Velho como a origem da representação artística ocidental, esta
sombra não invoca os traços fisionómicos característicos de José Barrias
nem é o contorno de um perfil. Barrias possui na sua obra uma dessas
silhouettes, executada durante uma viagem familiar a Paris, mas O Princípio da Sombra é seguramente uma figura mais determinada pela reflexão do que pelo recorte físico. A relação frontal da sombra é consigo
próprio, com o seu espaço e tempo, mas ganha novas razões de ser na
comunidade de imagens que a acompanha.
[Paula Pinto]
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