Sol
D.H. Lawrence
Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
ISBN 978-989-8833-53-2 | EAN 9789898833532
Edição: Agosto de 2021
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 160
Numa carta a Middleton Murry, Lawrence diz:
Esta religião animista é a única que está viva; a nossa não passa de um cadáver.
O contacto de Lawrence com um sol que lhe foi preconizado como «terapêutico» passou para a sua obra sob três formas
distintas e todas alheias a este papel curativo. Lemo-lo em vários poemas publicados neste livro como celebração, sentido
como força suprema, como poder cósmico que conduz o homem à sua superior vitalidade de corpo e de espírito, que o
conduz à negação dos valores pervertidos de uma decadente humanidade; lemo-lo no texto «A Dança da Serpente nos
Hopis», descrito com alguma ironia e distância, como valor máximo de uma religião animista que o venera a dançar,
tomando-o como pretexto para um espectáculo duvidosamente isento de uma intencional atracção turística; é influenciado
por ele sob esta mesma forma religiosa no romance The Plumed Serpent; mas também o encontraremos na sua história
curta «A Mulher que Fugiu a Cavalo», aqui com a mulher branca entregue ao sol num sacrifício que se pretende redentor
da servidão do índio à civilização do homem branco, mas oportunidade literária para a instalar num contexto dramático
oposto ao das ficções de outros autores da sua época, largamente celebradas pelo público porque lhe ofereciam a exótica excitação romântica
de um corpo masculino «selvagem», conquistador de uma mulher
«civilizada» que hesitava entre o horror da violação e o amável consentimento dos seus carenciados sentidos.
[…]
No seu texto defende a dignidade do ritual sagrado dos Hopis, o
contacto estabelecido entre o homem e o dragão cósmico. A tribo dos
Hopis mantém com o sol uma relação dupla. Este astro que a ilumina
e aquece, que é benfazejo e faz crescer o milho da sua alimentação,
tem como contraponto outro sol escuro e irado no interior da terra, o
que dá mostras da sua cólera expelindo lava através dos vulcões. Os
Hopis elegem dois animais como mensageiros privilegiados destes dois
sóis: a águia que vêem voar até mais alto do que qualquer outra ave e
ficar próxima do sol celeste; a serpente que vêem enfiar-se na terra e
aproximar-se do sol obscuro e irado que existe no interior do mundo.
Entre os dois sóis é de temer e de aplacar o segundo, já que o sol celeste
é tranquilo e sempre disposto a fazer crescer as plantas do seu alimento.
[Aníbal Fernandes]
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